terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Feliz Natal!

Ok, eu sei que quaaase já não é Natal e que estou atrasada e que ninguém deseja Feliz Natal no FIM do Natal...
 
Mas por favor compreendam-me.
 
Este ano fizemos cá em casa a véspera e o dia de Natal, um dia com um lado da família e outro dia com o outro lado.
 
Resultado: entre o bacalhau, o polvo, o perú, os sonhos, as rabanadas, a aletria, os presentes, o pinheiro, a decoração e eu sei lá o que mais (ufa!), só agora consegui dar cá um saltinho para vos desejar a todas:
 
 
 
 
FEELIIIIZ NAAAATAAAAAL!!!!!!
 
 
 
 
Que o Pai Natal nos tenha deixado muuuitos Pózinhos de Fertilidade para todas!
 
 
 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Legislação PMA

Já tinha lido em vários blogs e fóruns de (in)fertilidade que as faltas ao trabalho dadas em virtude de tratamentos de PMA são consideradas não só justificadas, como totalmente remuneradas.

Apesar de até agora ainda não ter precisado de faltar nenhum dia por este assunto (tenho conseguido usar folgas e férias), estou a prever começar os tratamentos em breve espero! e não me apetecia nada ter que ficar sem vencimento por esses dias (uma vez que a baixa médica só é remunerada a partir do 5º dia e  só a 65%, e mesmo este valor penso que vai diminuir...).

Posto isto, hoje fui informar-me à ACT (Autoridade para as Condiçoes de Trabalho) sobre este assunto.

Então, depois de muita pesquisa na legislação e vários telefonemas depois, o inspector que estava a prestar esclarecimentos lá concluiu que de facto é verdade:

As faltas dadas por PMA são consideradas justificadas e totalmente remuneradas, ou seja, é exatamente como se estivéssemos a trabalhar.

O suporte legal para isto advém dos seguintes artigos do Código do Trabalho:

Artigo 249º - Tipos de faltas justificadas:

d) "(...) impossibilidade de prestar trabalho devido a facto não imputável ao trabalhador, nomeadamente observância de prescrição médica no seguimento de recurso a técnica de procriação medicamente assistida (...)"

(Ou seja, aqui diz-nos que a falta é Justificada)

e do Artigo 255º que determina que:

"1 - A falta justificada não afecta qualquer direito do trabalhador, salvo o disposto no número seguinte.
2 – Sem prejuízo de outras disposições legais, determinam a perda de retribuição as seguintes faltas justificadas:
a) Por motivo de doença, desde que o trabalhador beneficie de um regime de segurança social de protecção na doença;
b) Por motivo de acidente no trabalho, desde que o trabalhador tenha direito a qualquer subsídio ou seguro;
c) A prevista no artigo 252.º;
d) As previstas na alínea j) do n.º 2 do artigo 249.º quando excedam 30 dias por ano;
e) A autorizada ou aprovada pelo empregador"


Isto é: como nos pontos acima (que indicam quais os casos - e só estes- em que há perda de remuneração)  não está incluída a PMA, logo se conclui, por a contrarium (termo empregue pelo inspector...), que esta é remunerada.

Já entreguei a legislação nos recursos humanos e ficaram de avaliar.

Como já disse, sempre que possível acho que devemos aproveitar folgas e férias para tratar destes assuntos, pois devemos compreender que não é fácil - muito menos perante o atual cenário económico - para um patrão ter que pagar na totalidade a um colaborador e não usufruir do trabalho deste. No entanto por vezes torna-se mesmo indispensável para muitos casais faltar ao trabalho por um período mais longo ou em que já não tenham férias/folgas para gozar e nesse caso, se a lei nos defende porquê perder dinheiro?

E só nós sabemos o quanto nos faz falta durante estes tratamentos...

3ª Consulta

Esta semana lá fomos nós a mais uma consulta de Apoio à Fertilidade no hospital.
 
Depois do sucedido na última consulta confesso que ia um bocadinho de pé atrás: "Mas será que é desta que andamos para a frente ou haverá mais algum percalço a atrasar tudo mais uns meses?"
 
Eu sei que para quem vê "de fora" parece um exagero, afinal o que são um ou dois meses para quem já esperou tanto tempo, não é? Não! Não é! Parece que ninguém percebe que cada mês é uma agonia e que a ansiedade vai aumentando como uma bola de neve...
 
Mas adiante...
 
Mais uma vez a consulta foi muito pontual. Quando entramos no consultório a Dr.ª estava com um sorriso de orelha a orelha bom sinal e cumprimentou-nos efusivamente ela que até é assim mais para o reservado.
 
"Já tenho as vossas análises e exames finalmente! e tenho boas notícias: está tudo normal! Podemos avançar para os tratamentos."
 
 
 
 
E então resumindo: uma vez que todos os nossos exames e análises estão normais (tanto minhas como dele) a Dr.ª parte do princípio que apenas será preciso dar "um empurrãozinho pequeno" pois poderá ser um problema de incompatibilidade ou muco hostil, que será resolvido ao colocar os espermatozóides mais próximos do "alvo". Ou seja IAC, como eles chamam - Inseminação Artificial Conjugal, também conhecida por IIU.
 
Reações? Huummmm... Não sabia bem o que pensar. Se por um lado fiquei contente por iniciar um tratamento, por outro saltaram-me logo à cabeça aquelas estatísticas fantásticas da IIU (cerca de 10 a 20% de sucesso). Não será tempo perdido? E aquela história de só podermos fazer um tratamento por ano com limite de três? Não estaremos a desperdiçar tentativas?
 
A médica tranquilizou-me quanto a isso. A IIU não conta para esse limite anual nem para o de três ttt por casal. Só são consideradas para esse efeito a FIV e a FIV-ICSI. E mais, para a IIU não há lista de espera, podemos começar já a tentar e se não resultar basta um mês de descanso para voltar a tentar, até três IIU's antes de partir para a FIV.
 
Ou seja, em janeiro iniciamos o primeiro protocolo para a IIU, se não resultar fazemos o seguinte em março/abril e se ainda assim nada fazemos o terceiro em junho/julho. Na pior das hipóteses poderemos fazer a FIV no segundo semestre de 2013 (coisa que eu espero fervorosamente que já não seja preciso, claro!)
 
Agora voltamos lá durante o ciclo de janeiro para recebermos todas as informações sobre a IAC e receber o protocolo da medicação.
 
E deste modo iniciamos mais uma etapa nesta nossa caminhada que esperamos que esteja próxima do fim.. (please, please, please!)
 
Tenho cá um feeling que 2013 vai ser o nosso ano!
 
 
 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

2ª Consulta... ou não...

Na passada segunda-feira tive a segunda consulta de apoio à fertilidade no hospital.

Mais uma vez chegamos 15 minutos antes, fizemos a ficha e aguardamos muito pouco tempo para entrar. Cerca de 10 minutos depois da hora marcada estavam a dizer o meu nome pelo intercomunicador.

Entramos na sala, estava a doutora e uma outra médica novinha que presumo que fosse estagiária.

Cumprimentámos, sentamo-nos e a doutora: "Não chegou a fazer a ecografia que lhe passei?"

Eu: "Sim, fiz há duas semanas"

Ela: "Ainda não tenho aqui os resultados... E para além disso os valores das suas análises vieram inconclusivos por isso terá que as repetir."

(WTF?) Mexe no computador... Imprime dois papeis...

Ela: "Pronto, tem aqui a nova requisição para as análises e a marcação da nova consulta para Dezembro. Por hoje é tudo, não podemos fazer mais nada." Estende-nos a mão.

Tempo decorrido: 5 minutos.

AAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!

OK, agora já fiquei melhor!

Haveria tanto para dizer sobre esta pseudo-consulta... mas vou aguardar para quando estiver mais calma...

Mais dois mesitos de espera! Canja! (grrrrrrrrr)

Entretanto o red já começou a dar sinais de vida por isso mais um ciclo negativo.

Melhores dias virão...


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Nosso Sonho

Este post é dedicado a esta menina que está a passar por um dos momentos mais difíceis desta caminhada.




Um beijinho muito grande para ela!

Os dados estão lançados...

Mais uma vez os dados estão lançados.

A temperatura basal já subiu, os treinos aconteceram nos dias certos, tudo correu como devia ser com direito a repouso, pernas ao ar e tudi, tudi, tudi...

Agora, como tantas vezes antes, só nos resta esperar.

Quinze loooongos dias, até ao veredicto final.

É engraçado como a noção do tempo é subjectiva.

Em cada mês parece que os dias passam muito lentamente numa espera constante pela próxima fase: esperar pelo período fértil, esperar pela menstruação, período fértil, menstruação, período fértil...

E cada dia demooora, principalmente a espera após a ovulação.

"Será que já devia ter vindo? Estará atrasado? Não, ainda não está na hora! Mas no mês passado por esta altura já tinha spoting... Será? Hoje fui mais vezes fazer xixi do que o costume... Será? Acho que estou um bocadinho enjoada... Não sejas ridícula ainda é cedo para enjoos! Será?"

E depois, no dia certinho, sem qualquer atraso, pontual como um relógio, lá aparece ele, destruindo todas as expectativas.

Por outro lado, apesar de os dias serem longos, os meses e anos passam a correr! 35 anos, já?! Mas como? Ainda ontem comecei a tentar e tinha 32!

E o relógio biológico não pára e anda a uma velocidade vertiginosa!

Tic-tac, tic-tac...


sábado, 20 de outubro de 2012

Programa sobre PMA

Grrrr! Parece que a Sic Mulher me trocou as voltas e qundo eu já estava sentadinha no sofá à espera deste programa, aparece-me um sobre a ModaLisboa! Fiquei danada!

Fui ao site da Sic Mulher ver o que se passava e pelo que descobri, as emissões do programa "Retratos da Saúde" que estavam a passar aos sábados eram já uma repetição de edições passadas e terminaram justamente hoje, que ia dar o que me interessava...

Bem, mas pesquisas e mais pesquisas lá encontrei um vídeo do programa original que iria repetir hoje e para me redimir de ter dado falso alarme ao anunciar o programa em questão cá fica o video que passou na Sic Mulher:

 http://sicmulher.sapo.pt/skins/sicmul/gfx/jwplayer/player.swf
" type="application/x-shockwave-flash" />



Se por acaso o vídeo não funcionar aqui (que eu não sou lá muito boa com isto dos blogs) aqui fica o link:


http://sicmulher.sapo.pt/programas/Retratos_de_Sa_de/2012/07/22/infertilidade---programa-de-21-de-julho

Desculpem, meninas mas também me enganaram...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

PMA

Não tenho tido muito tempo para vir cá porque ando envolvida em alguns projectos novos, mas não queria deixar de informar que amanhã, dia 20 de Outubro, o programa Retratos da Saúde, na Sic Mulher vai ser sobre PMA.
 
É por volta das 19h30.
 
 
 
Entretanto continuo nos treinos...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Feito!

Já está! Todos os exames despachados.
 
Afinal sempre fiz a ecografia no dia previsto. Quando cheguei lá falei com a rececionista e perguntei-lhe se era preciso adiar o exame, uma vez que estava no 3º dia do ciclo. Ela foi confirmar com a médica, que veio falar comigo. Disse-me que por ela não havia inconveniente, mas se, por uma questão de conforto, eu quisesse adiar não havia problema.
 
A médica era uma simpatia, muito atenciosa, e como eu ao 3º dia já praticamente não tenho nada que se veja, decidi aproveitar para fazer.
 
E ainda bem, porque correu tudo bem, sem "acidentes", acho que se eu não tivesse dito nada ela nem se apercebia...
 
Resultado:
O quisto desapareceu totalmente (yuppii!) e os ovários estão normais. Mas em contrapartida tenho um mioma no útero (raios!#$), embora, pelas palavras da médica "muito pequenino e sem importância nenhuma". Pois, mas eu preferia que ele não estivesse lá, claro!
 
Quanto às análises, esperamos 2 horas e meia (!) numa sala minúscula completamente lotada! Pensei que morria! Tudo por uma boa causa... Valeu-me uma valente dor de cabeça para o resto do dia.
 
Pelo menos uma boa coisa no meio de tudo: nunca nos pediram taxas moderadoras. Sei que há hospitais que não respeitam o facto de os casais a fazerem PMA estarem isentos destas taxas, mas o nosso não é (felizmente) um desses.
 
Agora é só aguardar pelo dia da consulta, a 29 deste mês.
 
E até lá aproveitar mais um ciclo de treinos intensos! ;-)


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ciclos

Hoje estou assim mais para o desanimado.
 
Depois do otimismo de ontem, não é que o malvado Red resolveu dar o ar de sua graça?
 
Para além da desilusão óbvia mensal a que (infelizmente) já me estou a acostumar, fiquei ainda mais danada porque na próxima sexta-feira já não vou poder fazer a ecografia endovaginal que tinha marcado... Vou ter que a remarcar e tenho medo que me digam que já não fica pronta a tempo da consulta e que esta terá que ser adiada. É que só me faltava essa!
 
Bolas, estava tudo a correr tão bem e agora isto!
 
Para além disso hoje estou no 20º dia do ciclo, ou seja, este ciclo foi curtíssimo, nunca tal me tinha acontecido. Os meus ciclos costumam ser bastante típicos, entre os 27 e os 29 dias. Agora um de 20 dias?! O que significará isto? Já estou com a cabecinha a dar voltas, claro.
 
Bem, só me resta tentar agendar a nova eco para o mais breve possível e esperar que fique pronta a tempo da consulta.
 
Lá vamos nós: mais uma voltinha, mais uma rodada...
 
 
 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Acordares...


Hoje acordei assim! E soube-me tão bem...

O M. saiu cedo para o trabalho e eu fiquei mais um bocadinho a dormir descansar pois tinha o dia de folga(vantagens de trabalhar aos fins-de-semana). Quando voltei a acordar estava mais ou menos nestas figuras.

Foi bom, porque tinha tido pesadelos e a presença calma dela ao meu lado foi reconfortante.

Claro que o M.não pode saber disto (fica tudo cheio de pêlos e blá, blá blá), mas uma vez não são vezes, não é? E está um dia tão chuvoso lá fora que só apetece mesmo ficar aconchegadinha na cama.


Mas não pode ser, que há muitos afazeres à espera (os dias de folga são muitas vezes mais atarefados que os de trabalho), por isso toca a espreguiçar e enfrentar a loucura do dia-a-dia!


Apesar da chuva, hoje acordei cheia de energia e tenho a certeza que:


 Today will be a good day!

Carta aberta

Ainda a propósito deste tema, encontrei hoje um texto que espelha fielmente o que sinto a este respeito.

O texto é longo e vou apenas transcrever algumas passagens que me tocaram mais, mas podem lê-lo na íntegra na casa desta menina:


Carta de uma mulher infértil ao mundo

"(...) Todas estas barreiras para engravidar são físicas ou fisiológicas, não são portanto barreiras psicológicas. As trompas não se bloqueiam porque a mulher está "muito ansiosa" para engravidar. Quando existem anticorpos na mulher que matam o esperma do marido, por exemplo, eles não desaparecem se a mulher relaxar. E um homem também não pode fazer com que o seu esperma se mova mais depressa apenas com uma atitude optimista. (...)
Quando alguém de quem gostamos tem um problema, é natural tentarmos ajudar. Se não houver nada de específico que possamos fazer, tentamos pelo menos dar um conselho. Muitas vezes utilizamos as nossas experiências pessoais ou casos que envolvam outras pessoas que conhecemos: recordas-te de uma amiga que tinha problemas para ficar grávida e que essa amiga conseguiu só porque foi com o marido de férias para uma ilha tropical. Por isso achas que faz sentido sugerir a (...) para meter também férias com o marido…
A(...) aprecia o teu conselho, mas a sugestão não lhe serve de grande coisa, porque o problema tem uma origem física. Pior ainda: a tua sugestão deixa-a mais magoada. Muito provavelmente já outras pessoas lhe disseram isso imensas vezes. Imagina como é frustrante ela ter de ouvir que outros casais engravidaram "magicamente" durante umas férias, simplesmente fazendo amor. Repara que a(...) está no meio de tratamentos de fertilidade. Nestas circunstâncias, fazer amor e conceber um filho não são coisas muito relacionadas uma com a outra. Nem imaginas quanto é difícil estar a tentar conseguir um bebé e quanto é desanimador sentir que no final de cada mês se voltou a falhar.
O teu conselho bem-intencionado é um esforço para transformares um problema extremamente complicado num problema demasiadamente simplificado. Ao simplificares o problema desta maneira, retiras importância ao que ela sente, menosprezando as suas emoções. E ela sente-se obviamente aborrecida e chateada contigo nestas circunstâncias.
A verdade é que não há nada de concreto que possas fazer para a ajudar. A melhor ajuda que podes dar é a tua compreensão e apoio. É mais fácil apoiá-la se souberes como pode ser devastadora a incapacidade de ter um bebé. (...)
Apesar das esperanças que estas técnicas oferecem, são um "osso difícil de roer". Alguns procedimentos de alta tecnologia só existem em certas clínicas e isso pode obrigar a (...) a viajar grandes distâncias. Quando o tratamento está disponível por perto, ela tem de suportar as visitas regulares ao médico, aplicar injecções diariamente, compatibilizar o trabalho e a vida social com esses procedimentos e ainda gastar consideráveis somas de dinheiro. Tudo isto é acompanhado por uma série de exames embaraçosos e muitas vezes dolorosos.
A infertilidade é uma condição médica muito pessoal, que a(...) pode não estar em condições dar a conhecer no emprego ou de partilhar com o seu patrão. Por isso às vezes inventa desculpas cada vez que o tratamento coincide com o horário de trabalho.
Depois de cada esforço médico para engravidar, a(...) tem ainda de aguentar a espera, sempre salpicada por ondas de optimismo e de pessimismo. É uma verdadeira montanha russa emocional. Não sabe se os peitos inchados são um sinal de gravidez ou um efeito secundário dos medicamentos de infertilidade. Se vê uma mancha de sangue na roupa interior, não sabe se é o embrião a implantar-se ou se é o período que está a começar. Se não engravida depois de uma tentativa “in vitro”, pode sentir que o desejo de um bebé morreu mais um pouco.
Ela tenta viver com este tumulto emocional. Se a convidam para uma festa de boas vindas ao bebé de uma amiga, se a convidam para um baptizado, se sabe que uma amiga ou colega está grávida, se um dia lê uma história de um recém nascido abandonado, podes imaginar a angústia e a raiva que ela sente com as injustiças da vida! (...)
Num jantar alguém pergunta há quanto tempo é casada e se já tem filhos. Nestas ocasiões sente vontade de sair a correr, mas não pode. Se ela falar sobre a sua infertilidade é provável que oiça um dos tais conselhos bem intencionados: "Relaxa, não te preocupes, quando menos esperares...", ou ainda "Tens sorte. Eu estou farta dos meus filhos, gostaria de ter a tua liberdade". Estes são comentários típicos que fazem com que ela tenha vontade de esconder-se debaixo da mesa.
Refugiar-se no trabalho e na carreira profissional nem sempre é possível. Ver cada mês que o sonho não se cumpre, pode consumir energias para avançar na carreira. E à volta as outras colegas de trabalho vão ficando todas grávidas."
 
 

domingo, 7 de outubro de 2012

Nós e os outros...

Uma das partes complicadas da infertilidade é a relação do casal com o "resto do mundo". Família, amigos, conhecidos, colegas de trabalho...

Pelo que tenho observado ao longo deste nosso percurso, há basicamente, e em linhas gerais, dois "tipos" de casais inférteis.

Há os que contam a sua história abertamente a toda a gente, partilhando com a comunidade à sua volta os altos e baixos deste duro caminho, e depois há os que optam por preservar mais a sua privacidade mantendo a sua história quase secreta.

Na minha opinião ambas as opções são válidas e acarretam os seus prós e contras.

Por um lado é libertador e menos desgastante não ter que estar constantemente a fingir que está tudo bem, poder partilhar os momentos menos bons com quem sabemos que nos quer bem e que nos pode reconfortar sempre que, mais uma vez, vemos que ainda não foi desta...

Mas por outro lado, quando toda a gente à nossa volta sabe, torna-se quase impossível tentarmos esquecer por um minuto que seja que há algo de errado connosco. Ainda que não seja por mal (e a maioria das vezes sabemos que não é) é inevitável que as outras pessoas estejam constantemente a abordar este assunto. Seja a perguntar se já conseguimos, ou com soluções milagrosas que resultaram com não sei quem, ou ainda com a famosa frase que penso que todas já ouvimos: "A não-sei-quantas também tentou muitos anos e só quando deixou de tentar é que engravidou."

Mas o que é que querem que façamos? Que deixemos de tentar para ver se resulta?! Que não pensemos mais no caso? É difícil se toda a gente nos fala no mesmo (e impossível, mesmo que ninguém fale...)
Eu compreendo que apenas queiram ajudar e compreendo também que é difícil saber o que dizer, mas por vezes é complicado ouvir dezenas de vezes os mesmos "conselhos", fazer um sorriso e dizer "Pois é, pois  é."

No nosso caso optámos inicialmente por não contar a ninguém. Para ser sincera o que queríamos mesmo era fazer uma surpresa às pessoas que nos eram mais chegadas anunciando a gravidez. Pois, mas passou um mês, outro, outro, meio ano, um ano... e tornou-se cada vez mais difícil de contar porque achávamos sempre que aconteceria no mês seguinte.

E assim, fomos ficando cada vez mais isolados, fingindo que estava tudo bem.

Depois, quase por acaso, acabámos por ir contando a algumas pessoas, curiosamente (ou não) a pessoas que não nos eram muito próximas e com quem não lidamos diariamente. Penso que foi uma espécie de mecanismo de defesa pois permitiu-nos partilhar a nossa história mas ao mesmo tempo não ter que lidar diariamente com os tais comentários de que falava.

Agora, desde que começamos a ser seguidos no hospital, fomos quase "obrigados" a contar às pessoas mais próximas, como no trabalho, porque por vezes precisamos de sair para ir a consultas ou exames, e também à família pois caso contrário teríamos que lhes mentir em várias ocasiões e também não queríamos fazer isso.

De modo que, a partir do momento que se tornou do conhecimento geral, temos sentido uma enorme pressão, que conseguíamos evitar quando ninguém sabia. No trabalho, por exemplo, eu conseguia muitas vezes abstrair-me deste problema, principalmente nos dias de maior rebuliço e só voltava a pensar nele quando chegava a casa ao fim do dia e tinha que confirmar os dias do ciclo e planear a medicação do dia seguinte. Tinha ainda a sorte de não haver grávidas nem bebés entre as minhas colegas pelo que era um tema que não era frequentemente abordado.

Agora é quase impossível passar um dia sem que alguma me venha perguntar como estão a correr as coisas ou vir com algum conselho, ou saber como correu com a médica, ou dizer para ter calma que a ansiedade é que não nos deixa engravidar... E eu sei que o fazem com carinho e por um lado estou-lhes grata por isso, mas nunca mais me consegui abstrair como fazia no início e isso faz-me falta.

Por isso é um problema para o qual penso não haver uma resposta clara e absoluta:

"Contar ou não contar, eis a questão!"

E vocês, contaram desde o início?


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Marcação dos Exames

Hoje fomos ao hospital marcar as análises e a ecografia que a Dr.ª nos passou durante consulta.

Como já tinhamos as hormonais actualizadas, a médica passou-nos só as de despiste das DST e toxoplasmose porque já não fazíamos há alguns anos, desde que planeamos tentar engravidar.

Para além das análises passou-me também uma ecografia para controlar o quisto ovárico provocado pelo Dufine.

Tenho andado um pouco preocupada porque durante este último ciclo tenho tido pequenas perdas de sangue, quase diariamente.

Desconfio que o quisto deve ter rebentado. Pelo menos espero que seja isso e não algo mais grave...

De qualquer forma os exames ficaram marcados para a próxima sexta-feira por isso acho que já vou ficar mais esclarecida.

Até lá, continuam os treinos 8-)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A primeira consulta

Estava marcada para as 10 horas.
 
Levantámo-nos cedinho para fazer tudo nas calmas, sem pressas, que para stress já bastava a ansiedade da consulta em si.
 
Às 9,30h já estávamos na fila das Consultas Externas com o postal da marcação em punho.
 
A fila, apesar de longa, avançou muito rapidamente e pouco tempo depois lá estávamos nós à espera que nos chamassem para saber o nosso futuro. Nesse tempo de espera ainda nos rimos a perder, pois o sistema de som da sala de espera era péssimo e era quase impossível perceber o nome e a sala para onde as pessoas eram chamadas, o que levou a situações bastante caricatas!
 
Pelas 9,45h fomos chamados à sala de enfermagem, para a pré-consulta. Fomos recebidos por uma enfermeira (muito simpática devo dizer) que me mediu a tensão arterial, altura e peso e voltamos à divertida sala de espera.
 
Às 10 hora em ponto (!) estávamos a entrar na sala da consulta. Devo dizer que nem em clínicas particulares eu tinha visto tamanha pontualidade! Será que vai ser sempre assim? :-P

A médica que nos esperava era simpática, muito calma, fez-nos várias perguntas sobre a nossa situação enquanto ia tirando apontamentos. Viu com atenção a parafernália de exames, análises, gráficos de temperatura e sei lá o que mais eu levava... Confesso que fiquei agradavelmente surpreendida, não estava à espera que dedicasse tanta atenção a cada exame que fizemos. Na minha cabeça ela iria pedir a histero e o espermograma e pouco mais... Mas não.




Depois de ver tudo e perante os nossos olhares ansiosos lá veio o veredicto:

"Não vejo aqui nada que vos impeça de ter filhos - mas onde é que nós já ouvimos isto antes? - a histerossalpingografia e o espermograma estão normais e os gráficos de temperatura indicam que a ovulação está a ocorrer... (sim, mas então porque raios não acontece nada?!) Na minha opinião a gravidez iria acontecer naturalmente mais dia menos dia, mas... (siiiiim?...) dada a vossa idade, principalmente a sua (olhando para mim, que entretanto já fiz os tão temidos 35) não podemos ficar à espera e vamos ter que dar uma ajudinha à Mãe Natureza."

Yeeess! Ufa! Já a estava a ouvir dizer para irmos para casa tentar mais um ano... Assim sim, já estamos a caminhar em frente! "E então, Dr.ª qual é o passo seguinte?"

"Bem, para já não podemos fazer nada pois vejo pela última ecografia que o Dufine lhe provocou um enorme quisto no ovário e por isso temos que parar com a indução até este quisto desaparecer (bem,confesso que já estava à espera desta, pois já tinha espreitado o relatório da eco. Menos mal, não me mandou tomar a pílula...) Entretanto podem ir tentando pelo método natural."

Conclusão: novas análises, novas ecografias e nova consulta daqui a um mês para eventualmente decidir um plano de intervenção.
 
Ok, mais um mês para quem esperou tanto é canja!



 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tempo de Espera

O tempo de espera para a marcação da primeira consulta de apoio à fertilidade foi surpreendentemente curto.
 
Depois de a ginecologista ter levado os nossos nomes para fazer a inscrição passaram três semanas até recebermos o postal! Três semanas! E nós que estávamos mentalizados para esperar vários meses...
 
A consulta era dali a dois meses. Fantástico! Tudo estava a correr pelo melhor! Agora era só aguardar...


 
 

Era uma vez...

2010. Eu 32, ele 34. Casamento: dia perfeito, feliz. Vidas estáveis. Empregos estáveis. Está na hora. Paramos a pílula...

2011. Janeiro. Nada. Mas já devia ter acontecido, não? Meio ano não é tempo suficiente? Não, parece que não. Que é normal. Continuem a tentar que a qualquer momento acontece. Ok. Continuamos...

Ciclos. Ovulação. Temperatura basal. Gráficos. Testes. Fase folicular. Fase luteínica. Contagens. Mais contagens. Muitas contagens. Dia 1. Dia 10. Dia 14. Dia 28. Dia 1...

Junho. Nada. Eu 33, ele 35. A primeira amiga engravida. E nós? Nada. Desculpe, Dr.ª mas já não é normal. Muito bem. Vamos estudar o caso...

Análises. Espermograma. Histerossalpingografia. Mais análises. Ecografias. FSH. LH. Prolactina. Estradiol. Progesterona. Análises. 3º dia. 21º dia. Mais análises...

É oficial. Um ano de tentativas sem sucesso. Sofremos de Infertilidade. Diagnóstico: SOP. SOP? Mas eu sempre fui tão regular! Pois, mas as análises não mentem. A segunda amiga engravida. E nós? Nada...

2012. Ovusitol. Análises. Ovusitol. Ecografia. Ovusitol. Análises. Mais Ovusitol? Ok. Vamos dar o passo seguinte. Dufine. Ecografia. Duphaston. Nada. Dufine. Ecografia. Duphaston.Nada. A terceira amiga engravida. E nós? Nada...

Junho. Eu 34, ele 36. Passo seguinte. Vou inscrever-vos na Consulta de Apoio à Fertilidade. Ah!Finalmente! Vamos para lista de espera para a primeira consulta...

E agora? Duas vidas suspensas, à espera de um milagre...